Roberto Leite é membro da Associação de Produtores Orgânicos do Vale do Rio Preto, situada no município de São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. A região concentra a maior produção orgânica do Estado. Nessa entrevista ao Mobilizadores COEP, ele explica o que é a agroecologia, seus principais benefícios para a saúde das pessoas e a conservação ambiental. Ele analisa, também, as perspectivas de crescimento do consumo de alimentos orgânicos em nosso país e as possibilidades e dificuldades enfrentadas pelo pequeno agricultor familiar para produzir em base agroecológica. O tema da agroecologia vai estar em evidência em todo o país no período de 10 a 16 de setembro, quando será realizada a Semana dos Alimentos Orgânicos em vários municípios brasileiros.
Mobilizadores COEP – O que é a agroecologia?
R. Agroecologia é o conjunto de conceitos, princípios, normas e métodos que possibilitam estudar, avaliar e manejar de forma consciente os sistemas naturais para produção de alimentos, permitindo desenvolver sistemas com dependência mínima de insumos energéticos externos. De uma forma mais popular, uma produção em bases agroecológicas é aquela que obedece aos princípios da natureza, integrando a produção animal e vegetal. A agroecologia se fundamenta em agroecosistemas, ou seja, em sistemas ecológicos adaptados à produção de alimentos, que utilizam diferentes tipos de manejo visando minimizar os impactos sobre o equilíbrio biológico e geoquímico. Para entender melhor esses e outros conceitos ligados à agroecologia sugiro uma visita à página da Embrapa Agrobiologia: www.cnpab.embrapa.br.
Mobilizadores COEP – Quais os principais benefícios da agroecologia para o pequeno agricultor ou agricultor familiar?
R. O principal benefício é para sua saúde e a de sua família. Além disso, produzindo em bases agroecológicas, com a integração da produção animal e à vegetal, o produtor aumentará sua renda pela diminuição da dependência da compra de insumos externos. Estará, também, gerando proteína animal para a sua alimentação e de sua família, podendo vender o excedente.
Mobilizadores COEP – E o meio ambiente, o que ganha?
R. Produzir em bases agroecológicas significa eliminar o uso de insumos químicos que, além de caros, geram intoxicação ao homem e aos animais e poluição do solo e da água. A região de maior produção de verduras e legumes no Estado do Rio, onde a pressão da agricultura convencional é maior, é justamente o ambiente da Mata Atlântica, declarada Reserva da Biosfera pela Unesco pela sua rica biodiversidade. A Mata Atlântica é um ambiente extremamente sensível e impróprio para a agricultura nos moldes em que é praticada hoje, com a utilização de agrotóxicos e outros insumos industrializados, gerando intoxicação do homem e dos animais e poluição do solo e da água nesse ambiente extremamente sensível.
Mobilizadores COEP – O que é preciso para passar a produzir segundo os princípios da agroecologia?
R. Tecnicamente é preciso um ambiente isento de contaminantes, onde serão aplicadas as recomendações do manejo agroecológico para a produção de alimentos. A área onde tenha sido praticada a agricultura convencional deverá passar por um período de descanso para eliminar todo e qualquer resíduo contaminante. É recomendável àqueles que vão produzir segundo os princípios da agroecologia que visitem núcleos de produtores que já pratiquem a produção orgânica.
Mobilizadores COEP – Quais as principais dificuldades encontradas pelo pequeno agricultor?
R. De uma maneira geral, estão ligadas à escala da produção e ao seu escoamento. Uma pequena unidade de produção tem uma capacidade limitada o que se contrapõe à necessidade de se produzir um volume que gere uma renda mínima para viabilizar a atividade. Atendida essa escala mínima, o pequeno produtor precisa ter um mercado para escoar a produção. O ideal é escoar diretamente para o mercado consumidor, pois assim valoriza o produto e evita a exploração pelos intermediários. Entretanto, ainda há o desafio de fazer o produto chegar ao consumidor, ou seja, sair da unidade de produção,normalmente afastada dos centros consumidores, e ser transportada até o consumidor. É nesse momento que o associativismo é fundamental para o pequeno produtor.
Mobilizadores COEP ? Qual é o papel da Associação de Produtores Orgânicos?
R. Mais do que uma comercializadora de produtos orgânicos, a Associação tem realizado um importante trabalho de integração da sociedade civil com o poder público. Sua ação segue a linha clara do Desenvolvimento Sustentável, conceito que se cristalizou na 2a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a ECO-92. O Desenvolvimento Sustentável procura conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e respeito ao ser humano. Ao promover a produção em bases agroecológicas, a organização dos pequenos produtores em torno de uma atividade econômica sustentável e o acesso destes ao conhecimento, abrindo a oportunidade para o seu desenvolvimento, a Associação tem pautado as suas ações na real linha do Desenvolvimento Sustentável. Promove a verdadeira Inclusão Social.
Mobilizadores COEP ? Cite alguns fatos que marcaram a atuação da Associação?
R. Várias são as ações realizadas pela Associação que marcam a sua atuação. Destacamos as parcerias com a EMATER-RIO, o SEBRAE/RJ e, em especial, com a ABIO, nossa Certificadora da qualidade orgânica. Destacamos também os projetos aprovados pelo MDA ? Ministério do Desenvolvimento Agrário, que viabilizaram a capacitação e a assistência técnica aos produtores, fundamental para o aperfeiçoamento dos produtores e a emancipação profissional. Outro destaque é o apoio do PROGEX para a obtenção da Certificação Internacional da qualidade orgânica. A Associação acaba de assinar convênio com a PESAGRO-RIO, a empresa de pesquisa agropecuária do Estado, para apoiar a produção de sementes variedade orgânicas. A semente variedade é uma semente que o produtor poderá guardar uma parte de sua produção para plantar novamente. Dessa forma o pequeno agricultor produzirá a sua própria semente, reduzindo o seu custo de produção. Várias outras ações estão em curso. A mais recente é a união com a Embrapa Agrobiologia e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em busca de um modelo de produção auto-sustentável. Essa união resultou em uma proposta de projeto para obter o apoio do CNPq.
Mobilizadores COEP – Você pode estimar a parcela da população brasileira que consome, hoje, produtos orgânicos? E no exterior?
R. O mercado de produtos orgânicos é basicamente formado por consumidores que valorizam as questões ligadas à saúde e ao caráter ambiental e social. Comparado com o mercado total, ainda é uma parcela muito pequena. Segundo publicação da Embrapa Agrobiologia, a agricultura orgânica ganha cada vez mais espaço na economia mundial. A produção orgânica tem crescido cerca de 20% ao ano, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento (UNCTAD, 2003) e é o segmento que mais cresce dentro do setor de alimentos. O mercado mundial de produtos orgânicos subiu de US$ 10 bilhões em 1997 para US$ 23 a 25 bilhões em 2003, devendo alcançar US$ 29 a 31 bilhões em 2005, isso considerando apenas 16 países da União Européia, América do Norte e Japão. Segundo dados do Centro Internacional de Comércio (ITC), ligado à UNCTAD e à Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio mundial de alimentos orgânicos movimentou US$ 24 bilhões em 2003. O mercado de produtos orgânicos no Brasil foi estimado pelo BNDES, em 2002, na faixa de US$ 220 milhões a US$ 300 milhões. Nova avaliação feita em 2003, já elevava essa estimativa para a faixa de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão, considerando tanto o mercado interno quanto a exportação de produtos orgânicos. As exportações, de acordo com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX) já atingem cerca de U$ 100 milhões anuais, sendo 80% dos produtos originários de médios produtores, 10% de pequenos e 10% de grandes produtores rurais. Segundo o programa PRÓ-ORGÂNICO, do Governo Federal, o crescimento dos produtos orgânicos, que era de cerca de 10% ao ano no início da década de 1990, chegou próximo a 50% ao ano nos últimos três anos. Taxa superior, portanto, a dos países da União Européia e a dos Estados Unidos, onde o mercado cresce em média 20% a 30% ao ano. Apesar desse grande crescimento do mercado de produtos orgânicos, apenas uma pequena parcela da população brasileira tem acesso a esses produtos, já que possuem preços mais elevados que os convencionais e ainda falta informação. Na Região Serrana do Estado do Rio, estima-se em 4% a produção orgânica de hortaliças em relação à produção total. Com a devida reserva, é possível estimar que o número de consumidores orgânicos mantenha essa proporção em relação ao total de consumidores.
Mobilizadores COEP – O que se pode fazer para aumentar o consumo de orgânicos no Brasil?
R. É necessário esclarecer os consumidores. Existe uma grande desinformação em relação ao que é um produto orgânico. É fundamental o esclarecimento das diferenças quanto aos termos orgânico, hidropônico e natural, sendo os dois últimos freqüentemente confundidos com o primeiro, quando na verdade diferem, em muito, dos produtos orgânicos. É importante esclarecer a população quanto aos benefícios que o consumo dos orgânicos promove, não só à saúde, mas também no âmbito social e ambiental. Nesse momento, está sendo elaborada uma campanha nacional de esclarecimento à população que deve culminar com a Semana dos Alimentos Orgânicos, no período de 10 a 16 de setembro de 2005, com ampla divulgação pela mídia. Há um sentimento geral e crescente quanto à preocupação da sociedade com a qualidade de vida e do meio ambiente. É preciso ampliar esse debate para esclarecer toda a população. Considerando que, de uma maneira geral, tratam-se de produtos de baixo valor, o esclarecimento dos consumidores vai promover o aumento do consumo pela valorização de métodos de produção agrícolas que garantam a qualidade dos produtos e que sejam menos agressivos ao meio ambiente e socialmente justos com os trabalhadores rurais.
Há consenso de que uma alimentação baseada em produtos agroecológicos é muito mais saudável. No entanto, é preciso considerar que ainda não é tão fácil encontrá-los e que, para boa parcela da população o preço ainda não é acessível. Precisamos divulgar que hoje existe alternativa para a certificação.
Para agricultores familiares e campones, existe a possibilidade de uma alternativa de ?certificação? para vendas feitas diretamente ao consumidor. É possível criar uma Organização de Controle Social (OSC) formada por uma associação, uma cooperativa, ou até mesmo por um grupo de 3, 4 pessoas, desde que haja comprometimento e confiança. No caso do grupo, como não existe CNPJ, eles podem se cadastrar no Ministério da Agricultura apenas com o número de CPF.
Tive conhecimento dessa nova modalidade de certificação, recentemente. No entanto, me parece que as burocracias ainda são grandes.
realmente, consientizar esa grande massa brasileira é o primeiro passo para que os mesmos saibam a diferença entre orgânico, hidropônico e natural.Será bom que este curso nos envie algum material encadernado para que possamos tê-lo para enriquecer nossos projetos escolares etc
Aproveitando a deixa do Sidney….um produtor orgânico que etá rodeado de agroquímica não tem como se qualificar efetivamente.
E tivemos uma experiência há uns bons 20 e tantos anos atrás quando um agricultora passou a produzir morangos orgânicos e seus vizinhos usavam agroquímicos. O agricultor foi banido da relação social local. Ficou SÓ! Mas estava apoiado pela Cooperativa Coolméia e vendia na Cooperativa e na Feira Eco de Porto Alegre. Com o passar do tempo os vizinhos mandavam comprar morangos na propriedade dele quando recebima visitas…..Contradições dos Seres Humanos….
Temos muitos coletivos brasileiros trabalhando com a agricultura orgânica segundo os princípios sócio-ambientais, onde produtores do campo produzem e vendem seus alimentos em feiras ecológicas. Creio que esse modelo é o que tem maior atuação, no momento. PORÉM, como diz um colega nestes comentários, é possível ser resgatado o conhecimento do PLANTIO e de forma ecológica, permacultural em todos os VAZIOS URBANOS. Aqui mesmo no COEP fiz uma entrevista sobre o que chamo PAISAGISMO ALIMENTAR. Nas cidades há espaços vazios em clubes, em hospitais, em escolas, em consomínios, em vilas de trabalhadores, quintais vários….E estamos perdendo o conhecimento de COMO PLANTAR. Mas é possível se ter limão, mamão, flores comestíveis, plantas medicianis, aromáticas e até verduras, em pequena escala para EMBELEZAMENTO, recriação de um belo espaço de vida e ALIMENTO SAUDÁVEL. Um movimento de ENVOLVIMENTO (des ENVOLVIMENTO…) POR um espaço ambiental saudável….É simples, é lazer, é prazer…é sustentável, é atração de pássaros, de borboletas,….Troca troca de frutas numa cidade já vai representar princípios nutritivos e RELAÇÃO saudável por uma alimentação orgânica….enfim…..que assim seja!!!!nutri ambientalista claudinha lulkin
Acho que a agroecologia deveria também ser trabalhada e difundida no meio urbano, nas associações de bairros e escolas. Existem vário projetos de Educação Ambiental que trabalham com horta comunitária, mas ainda sem a noção de agroecologia.
Sobre o período de transição da agricultura convencional para a orgânica, qual é o tempo mínimo necessário para que a terra se recupere e elimine os resíduos contaminantes?
Se produto orgânico difere, e muito, do natural ou hidropônico, oque é então, extamente, um produto orgânico?
Em Candeias do Jamari/RO, um município cuja sede dista 21 Km da cidade de Porto Velho- capital do estado de Rondônia, estamos iniciando os preparativos para implantação de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Jequitibá, a ser implementado numa parte da Gleba Jacundá (em uma área de aproximadamente 140.000 ha), onde serão assentadas 700 famílias. O Objetivo é fazer manejo da floresta, em, pelo menos, 90% de cada lote, de forma comunitária, envolvendo grupos de 40 famílias, ou seja, manejar a floresta para fazer o uso múltiplo da sua oferta ambiental em talhões de aproximadamente 4.000 ha, com o propósito de retirar madeira, óleos vegetais, resinas, látex, gomas, sementes, frutos etc, tudo que a floresta produz naturalmente, mas, explorando-a de forma certificada. Para garantia da segurança alimentar, cada produtor assentado poderá usar cerca de 5 a 10 ha de seu lote para aproveitamento integral da terra em Sistemas Agro-florestais, implantado consócios de árvores com frutíferas e lavoura “branca” – milho, arroz, feijão, mandioca, abacaxi etc -, usando diferentes arranjos possíveis. A prposta do PDS Jequitibá é conduzir os assentados no sentido de trabalhar com agricultura orgânica, nos moldes da agroecologia, preconizado pelo Roberto Leite.
Entendo que este é o caminho ecologicamente mais certo a ser trilhado pelos produtores rurais, a fim de evitar, no futuro, elevados custos para recuperação de áreas degradas, ademais de produzir alimentos mais saudáveis, minimizando riscos de contaminar a saúde dos consumidores. Ocorre que esta não é a cultura atual dos nossos agricultores.
Daí, aproveito o ensejo para pedir ajuda no sentido de informar-me onde posso conseguir recursos (preferencialemente à fundo perdido ou delegado) para montar um grande programa de capacitação dos beneficiários do PDS Jequitibá a fim de torná-los verdadeiros produtores orgânicos, desde o início da implantação do Projeto.
Lanço este apelo ao Roberto leite e a todos que parcipam deste cahat, especialemente às entidades associadas ao COEP, posto que em Rondônia sou o representante Técnico do INCRA-RO no COEP/RO e tenho o objetivo fazer com que as empresas adesas ao COEP/RO participem da implantação do PDS Jequitibá.
Quem quiser uma cópia da proposta técnica do PDS Jequitibá, pode solicitar-me por e-mail, que terei o maior prazer em mandá-la, não só para que a conheçam, como para oferecer críticas e sugestões de melhorias.
Agradeço a colaboração de todos, na certeza de que atenderão este pleito.
Atenciosamente,
Joel.
Endereço eletrônico: Joel.magalhaes@pvo.incra.gov.br
A quem devemos nos dirigir para que seja realizado um treinamento na nossa associação sobre Agroecologia?
Qual o grau de dificuldade que se tem para se trabalhar com produtos organicos e quais os tipos de cuidados?
eu não concordo em dizer que os produtos orgânicos são de baixo valor para o consumidor, pois se comparado com os produtos cultivados por meios tradicionais disponíveis nos supermercados, são bem mais em conta que os produtos orgânicos. Eu gostaria muito de ter poder aquisitivo para consumir produtos orgânicos, mas as acho que eles são bem mais caros
inclusive estou culivando em casa couve, tomate, cebolinha, cheiro verde para consumo familiar, essa foi a minha estratégia para consumir algum produto orgânico
Somenete quem já viveu dando assistência técnica ou trabalhando/morando em uma região grande produtora de milho e soja ou outros que demandem de uma excessiva dose de produtos químicos é que sabe o que é uma região com elevado índice de depressão na área rural e com vários casos de câncer de agrotóxico e deformidades fetais causadas pelo excesso de agroquímicos. Eu enquanto dei assistência a esta região pude notar em meu organismo os males destes produtos sobre nosso organismo, tive uma queda excessiva de cabelos, minha colineterase subiu muito e tinha dias que o enjoo não passava, pois os pulverizadores passavam venenos mesmo com ventos fortes, o que chegava nas casas da cidade. Quem visse como eu vi um rio cheio de peixes mortos devido a uma chuva após a aplicação intensiva de agrotóxicos nas margens dos rios (que estavam todas sem mata ciliar e sim com cultura intensiva), e vissem também o que são dois meses sem água devido ao aterro dos banhados “mangues” para plantar míseras bolsinhas de milho que nem sequer levantaram o estolão – saberiam exatamente os motivos pelos quais os orgânicos produzidos por agricultores familiares são vendidos por um preço um pouco mais elevado que os convencionais.
Espero que a concientização do consumidor aconteça logo, pois as previsões estão encurtando, fatos como o de que no ano 2025 não teriamos mais água doce (apenas 1% da água da terra) já foram antecipadas para o ano 2012.
Espero também que estas pessoas que voluntariamente se expoem e brigam pelas causas ambientais – não fiquem de saco cheio de tanto ouvir críticas e continuem este trabalho longo mas glorificante quando captado.
Concordo com a opinião de Vi, acredito que tudo está relacionado com a baixa remuneração da população, e com a falta de amor ao próximo, pois sendo uma atividade comercial, seu objetivo primordial é o lucro, imaginem se fossem possível produzir produtos orgânicos, considerados de qualidade, com um preço mais baixo que o mesmo produto geralmente encontrado no mercado cultivados da outra maneira, mais como vivemos no Regime Capitalista, infelizmente os produtos ditos orgânicos continuaram a ser só adquiridos por quem pode pagar pelo seu preço.
Recentemente, está-se tentando instalar mais uma confusão na cabeça dos consumidores. Como os transgênicos fizeram sua propaganda falando na redução (falsa) do uso de agrotóxicos, essa falácia está sutilmente virando verdade. NÃO EXISTE A MENOR CHANCE DE CONVIVÊNCIA ENTRE TRANSGÊNICOS E ORGÂNICOS. Afirmo isso, com segurança, em nome da ABIO, do GAO – Grupo de Agricultura Orgânica – e do movimento orgânico.
Estive uma vez no município de São Sebastião do Alto/RJ, local de imigração italiana voltada para a área rural. Fiquei estarrecida com a altíssima incidência de câncer na região causada justamente pela química usada nas lavouras. Moro no município de Guapimirim/RJ que tem seu território com as seguintes características: 70% APA (Mata Atlântica/ Manguezal) 30% rural, e 5% urbana. A área rural é composta de grandes produtores de gado e cavalos, a produção agrícola é familiar. Gostaria de introduzir aqui, através do Sindicato Rural (que funciona precariamente) a cultura da produção orgânica. Lembro tb que não existe nenhuma política pública muncipal para o setor rural. Como iniciar esse processo?
Uma boa contribuição. O caminhar para equidade social exige o caminhar para o equilíbrio biogeoquímico. Os paradigmas estabelecidos até então na produção agropecuária têm consequenciado a construção de uma enorme passivo ambiental, impossibilitando a permanência no campo de muitas famílias. O uso dos princípios da agroecologia pode significar a redução da degradação ambiental e garantir a oferta dos recursos naturais para as gerações que nos substituirão nesse planeta. É necessária uma maior penetração desses princípios, principalmente nos centros de pesquisa, extensão e formação agropecuária.
Como trabalhar o incentivo a comercialização e consumo na Comuniadade? qual melhor clima?
O que difere os termos agroecologia e orgânico e qual a sua definição?
Pode existir um produtor orgânico rodeado de produtores convencionais e o que este produtor necessita fazer para não contaminar sua produção pelos vizinhos?
Produto orgânico é aquele produzido sobre os seguintes pilares:
– ecologicamente sustentável
– socialmente justo e
– economicamente viável.
Quais as técnicas mais usadas na produção de produtos orgânicos?
Acredito que os produtos orgânicos, por estarem diretamente relacinados com à segurança alimentar podem fazer parte do mercado interno brasileiro, alcançando
também às comunidades de baixa renda, desde que sejam estabelecidas políticas úblicas visando a redução de preços desses produtos.Cesar Augusto Monteiro Sobral. COEP-C, e-mail cesar@cnpat.embrapa.br