De acordo com Joaquim Gondim, superintendente de Usos Múltiplos da Agência Nacional de Águas (ANA), as regiões mais densamente povoadas, como as regiões metropolitanas das capitais do Sudeste, apresentam grande probabilidade de ocorrência de enchentes nos períodos chuvosos. Gondim acrescenta que com as mudanças climáticas, eventos hidrológicos críticos, secas e enchentes, poderão tornar-se mais frequentes.Além dos estragos, o contato com a água das chuvas pode causar diversas doenças, dentre elas a leptospirose, doença infecciosa que pode levar à morte. A pesquisadora Ilana Teruszkin Balassiano, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), também fala a respeito da doença nesta entrevista. Confira.
Mobilizadores COEP – Que regiões brasileiras estão mais sujeitas a inundações? Por quê? R.: O Brasil é um país muito extenso e, assim sendo, apresenta características regionais bem diferenciadas. Todas as regiões brasileiras estão sujeitas a inundações, sendo que isso ocorre em épocas, intensidade e formas distintas, dependendo de sua localização, de suas características geográficas e geológicas e do modo de ocupação. Áreas mais densamente povoadas, com elevado grau de impermeabilização do solo [ou seja, solos onde a água não consegue penetrar], apresentam grande probabilidade de ocorrência de enchentes nos períodos chuvosos, como é o caso das regiões metropolitanas das capitais dos estados do Sudeste. Nesta região, onde o período úmido vai de outubro a março, costumam ocorrer inundações rápidas e localizadas em pontos de intensa pluviosidade. Já em áreas ribeirinhas, as inundações são provocadas por altas vazões [rapidez com a qual o volume de água escoa] dos rios, superiores à capacidade de suas calhas, originadas, muitas vezes, em pontos distantes de onde são verificados os alagamentos. E, ainda assim, dependendo do tamanho da área de drenagem [do escoamento das águas de terrenos encharcados] da bacia e de suas características de uso e ocupação do solo, essa cheia pode se dar de forma mais rápida ou mais lenta. A Bacia Amazônica é um exemplo de região em que as cheias dos principais rios se dão de forma lenta e gradual, devido à magnitude de suas dimensões. Nessa região, o período de cheias é diferente do citado anteriormente, ocorrendo normalmente entre os meses de maio e julho. Num contraponto, em função de características geológicas, no Semiárido brasileiro, as rochas que dão origem aos solos, em geral com baixa permeabilidade [propriedade que o solo apresenta de deixar a água escoar através dele], estão praticamente à superfície, chegando a aflorar em alguns momentos. Isso faz com que, em anos de abundância pluviométrica [de chuva], haja escoamentos superficiais intensos, inclusive causadores de enchentes que trazem enormes prejuízos.
Mobilizadores COEP – Com as mudanças climáticas atuais, o que pode mudar neste sentido? R.: A divulgação de notícias relativas a previsões de mudanças climáticas globais nas últimas décadas e a especulação dos possíveis impactos sobre o planeta têm gerado grande apreensão na sociedade. As previsões dos modelos climáticos desenvolvidos por centros de pesquisa de diversos países, embora divirjam entre si quantitativamente, coincidem em apontar para um cenário socioeconômico de maior estresse e conflito, devido ao aumento da escassez de água e a diminuição da produção agrícola.
Dos estudos científicos sobre mudanças climáticas empreendidos recentemente, boa parte sugere o aumento das concentrações de gases estufa originários de atividades antrópicas [atividades realizadas pelo homem] como a principal causa do aquecimento. Embora não haja unanimidade sobre esta questão, a maioria dos pesquisadores aparentemente concorda com a afirmação de que a temperatura global tem aumentado.
É fato que o ciclo hidrológico [ciclo da água] está diretamente vinculado às mudanças de temperatura da atmosfera e ao balanço de radiação. Com o aquecimento da atmosfera, de acordo com o que sinalizam os modelos, espera-se, entre outras consequências, mudanças nos padrões da precipitação (aumento da intensidade e da variabilidade da precipitação), o que poderá afetar significativamente a disponibilidade e a distribuição temporal da vazão nos rios. Em resumo: os eventos hidrológicos críticos, secas e enchentes, poderão tornar-se mais frequentes.Mobilizadores COEP – Quais as principais doenças decorrentes de enchentes e inundações? R.: Além da leptospirose, também podem ocorrer parasitoses gastrointestinais, enteroviroses [viroses que afetam os intestinos] e hepatite A.Mobilizadores COEP – O que é leptospirose? Como a doença é transmitida? R.: A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira. Alguns animais, dentre eles os roedores, como os ratos de esgoto, normalmente encontrados nas ruas, podem abrigar de forma crônica essas bactérias em seus rins. Consequentemente, esses animais excretam Leptospiras em sua urina. Quando as pessoas entram em contato com essa urina, seja de forma direta ou indireta, neste caso através de enchentes, limpeza de fossas e esgotos, entre outros, podem se contaminar com a bactéria. Tal contaminação ocorre tanto através de portas de entrada na pele, ou seja, lesões ou microlesões (às vezes, imperceptíveis), quanto pela exposição prolongada da pele íntegra à água contaminada.Mobilizadores COEP – Que cuidados as pessoas devem ter para evitar a leptospirose? R.: O principal cuidado seria evitar entrar em contato com a urina desses animais, e no caso de enchentes, evitar entrar em contato com água empoçada, que é potencialmente contaminada. Caso não haja outra possibilidade, o uso de calças compridas e calçados emborrachados (como as galochas, por exemplo) pode minimizar o risco de contaminação.Mobilizadores COEP – Quais os principais sintomas da doença? Quando podem ser percebidos? R.: A doença tem um período de incubação que pode variar de 5 a 14 dias. Ou seja, dentro desse período, após uma exposição de risco, a pessoa pode começar a desenvolver os sintomas. O início da leptospirose pode ser facilmente confundido com doenças virais, como a gripe ou a dengue. Os principais sintomas são: dor de cabeça, início abrupto de febre, calafrios, dores no corpo, principalmente na panturrilha, podendo ocorrer também icterícia [síndrome caracterizada pela coloração amarelada de pele e mucosas] e sinais hemorrágicos. É importante ressaltar que existem formas mais graves de leptospirose que podem evoluir inclusive para óbito.Mobilizadores COEP – O que deve ser feito em caso de suspeita de infecção? R.: Caso a pessoa apresente os sintomas listados anteriormente e tenha uma história epidemiológica* condizente com a leptospirose, ou seja, exposição à água de enchente, limpeza de fossas e esgoto, contato com roedores, deve procurar imediatamente o posto de saúde e relatar todo esse quadro. O médico, suspeitando de leptospirose, colocará o paciente em hidratação e administrará antibióticos. É importante que sejam feitos testes laboratoriais que confirmem a suspeita da doença.Mobilizadores COEP – Há alguma vacina contra a leptospirose? R.: No momento, há apenas vacinas para animais, não estando disponíveis ainda para humanos. Há diversos grupos de pesquisa em diferentes países, inclusive aqui no Brasil, estudando alvos que possam ser utilizados como antígenos [substâncias que induzem a formação de anticorpos porque são reconhecidas pelo sistema imune como ameaça] vacinais.Mobilizadores COEP – O Laboratório de Zoonoses Bacterianas do IOC/Fiocruz atua como referência nacional para leptospirose e foi designado Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Leptospirose. Qual sua área de atuação em relação à doença?R.: O Centro de Referencia Nacional para Leptospirose (CRNL) atua principalmente no diagnóstico da leptospirose, oferecendo suporte para hospitais regionais e Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) de todo o Brasil. Além disso, oferecemos cursos de atualização e treinamentos, não só para os Lacens como também para países da América Latina e Caribe, como parte de nossas atribuições como Centro Colaborador da OMS. Em paralelo, desenvolvemos também algumas linhas de pesquisa, como caracterização genética de leptospiras (muito importante para a compreensão da epidemiologia da doença), além de avaliação de parâmetros de patogenicidade [capacidade de o agente invasor causar doenças com suas manifestações clínicas entre os hospedeiros suscetíveis] da bactéria. Mobilizadores COEP – Os postos de saúde e hospitais públicos brasileiros estão preparados para atender à população vítima de enchentes? Em caso negativo, o que é preciso para que possam fazê-lo? R.: Os médicos em geral estão cientes da possibilidade da leptospirose, principalmente após grandes enchentes. É importante que os médicos fiquem bastante atentos aos sintomas e à história relatada pelo paciente, para verificar a possibilidade de correlação com a leptospirose. Atualmente, estamos desenvolvendo um trabalho de contato direto com os médicos de diferentes unidades hospitalares no sentido de aprimorar o fluxo de informações e de diagnóstico. Ou seja, a ampla divulgação da doença é sempre a melhor forma de combatê-la.Leia também: Medidas de prevenção a doenças transmitidas pelas chuvas.______________________________________
*Epidemiologia é uma ciência que estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença, e seus fatores condicionantes e determinantes, nas populações humanas.
em minha oiniao e bem esclarecido esta nateria pois no 31/12pasaei or esse tipo enchente e mito masi e edi pra que os ps f daki fissesem o tee de leptospirose e houve muito cogitaçao pois se negavam a fazer pois nescesitava de um edido medico na qal foi com muita insistencia e maeaça pedi o exame pra mim e meus familiares .fora aburocracia pois deste o dia em que procurei o medico e o edido foi feito veio a oura demora pra marcar o dia do exa e mais um 30 dias ra conseguir o rsultado ? este tio de imformaçao e muito bom e o governo e os orgao responsavel deveria ver com mais anaço este tipo de exame cuja a necssecidade e de estrema importançia e esclarecedora emfim a falta de pessoas comeendes ra assumir e masi dificil e com o passar dos dias esclareci a minha comunidade a importancia de exigir seus direitos principalmente apos um enxente e pior a nossa midia so mostra as coisas ruim e nao eslcrece nda