Para promover ações de desenvolvimento social e econômico do semiárido nordestino, o COEP realiza há 16 anos (desde 1998), em parceria com instituições governamentais e entidades civis, projetos com agricultores familiares do Semiárido nordestino. As comunidades rurais recebem ações de reintrodução da cultura local, inclusão digital, educação ambiental e cidadania, geração de trabalho e renda, organização comunitária, entre outros exemplos.
Em julho de 2012, a maior participação dos jovens do Semiárido foi estimulada, envolvendo 30 comunidades dos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, na reflexão sobre os caminhos para o futuro, com o intuito de fortalecer os laços de cooperação entre os integrantes do Programa Comunidades Semiárido por meio do Fórum de Lideranças Jovens.
Em julho, os jovens do Semiárido terão novo encontro com o COEP, já que ficou claro o quanto a participação da juventude amplia o envolvimento e desenvolvimento comunitário. No encontro será lançada a “Jornada de Ampliação da Rede”. O coordenador de Projetos do COEP, Marcos Carmona, fala ao Mobilizadores sobre esta formação de jovens lideranças no Semiárido e novas perspectivas. Confira a entrevista.
Rede Mobilizadores – Qual é a finalidade da Rede de Comunidades do Semiárido?
R.: A Rede Comunidades do Semiárido é um espaço de trocas de informações e de articulação de iniciativas desenvolvidas pelo protagonismo da juventude das comunidades que integram o Programa Comunidades do Semiárido, vinculado à Rede Nacional de Mobilização Social, COEP. Todos os anos, realizamos encontros microrregionais e regionais para avaliarmos os modelos de gestão vigentes e propormos melhorias comuns a serem adotadas na região do Semiárido nordestino.
Rede Mobilizadores – Além desses encontros presenciais, a Rede se articula de outra forma?
R.: Sim, também nos encontramos pelas redes sociais. O Programa tem grande abrangência territorial e ações diversas, então o facebook, wathsapp e os minifóruns do Portal Mobilizadores tem nos auxiliado na articulação dos jovens das comunidades rurais, pela internet, elevando o grau de interatividade e de participação social, abrindo novas perspectivas para a produção e compartilhamento de conhecimento e inovação a partir do acompanhamento das experiências práticas desenvolvidas nas comunidades. Também criamos estratégias de cooperação para produção de blogs e sites das comunidades, temos um boletim informativo, e parcerias para a melhoria da infraestrutura e manutenção dos equipamentos dos telecentros.
Rede Mobilizadores – Qual tem sido o papel dos jovens do campo na agenda de debates sobre os direitos e o acesso às políticas públicas?
R.: Ampliar o debate sobre direitos e o acesso às políticas públicas tem sido uma agenda fundamental nos anos mais recentes e os jovens vêm tendo um papel fundamental nesse processo. Muitos se tornaram membros da associação local e até mesmo de sua diretoria. A participação da juventude nos comitês mobilizadores tem possibilitado a emergência de agendas relativas à afirmação de seus direitos e abordagens, como as questões culturais, de gênero e específicas da juventude.
Rede Mobilizadores – Qual é a importância da permanência do jovem no campo?
R.: Os jovens vêm desempenhando um papel fundamental nos debates relativos às alternativas de desenvolvimento e à sua permanência nos seus territórios. É um segmento muito relevante quando falamos, por exemplo, nos aspectos que envolvem a sustentabilidade das atividades produtivas e as ações regionais de segurança alimentar. Eles são sujeitos-chave para as estratégias de reprodução das atividades econômicas ligadas à agricultura familiar.
O COEP atua em parceria com diferentes grupos, jovens, mulheres e agricultores familiares. E vários temas vêm sendo discutidos nos diferentes grupos como as questões relativas à disponibilidade de programas sociais públicos e os espaços de participação social focados no público jovem, suas expectativas de inserção educacional e profissional, suas reivindicações e perspectivas.
Rede Mobilizadores – A juventude rural pode ser comparada aos jovens das cidades urbanas quando pensamos no acesso à educação, trabalho, políticas públicas?
R.: Em geral, os jovens que acompanhamos relatam a necessidade de maior investimento em programas sociais e políticas públicas que atendam às suas expectativas e que a eles sejam destinados, como é o caso do Projovem Rural, ao qual alguns destes jovens tiveram acesso.
As principais oportunidades de trabalho nas comunidades estão vinculadas à continuidade das atividades agrícolas, por meio de processos de transferência de propriedades por herança, mas os jovens rurais também estão interessados em projetos nas áreas de esporte, conscientização política, participação social, cultura e educação profissional, sobretudo, na oferta de cursos técnicos e de nível superior que atendam às especificidades das atividades rurais, pois apesar da progressiva elevação da escolaridade e do acesso ao ensino superior ter sido ampliado, ainda é pequena a parcela de jovens rurais que chega à universidade.
Rede Mobilizadores – Quando a Rede de Lideranças Jovens do Semiárido volta a se encontrar? O que o COEP irá propor neste reencontro?
R.: Teremos uma nova edição do encontro de líderes jovens entre os dias 24 e 27 de julho. Como de costume utilizaremos o encontro para avaliar as atividades dos últimos 12 meses, planejar o próximo período e realizar etapas presenciais de capacitações on-line.
Uma boa novidade, esse ano, será o lançamento da “Jornada de Ampliação da Rede”, um projeto que propõe duplicar o tamanho da rede pela mão e ação dos próprios jovens. Com nosso apoio, eles irão integrar novas comunidades do entorno das localidades onde vivem. Esperamos que isso amplifique os resultados do trabalho e confira maior poder de articulação e mobilização à rede.
Entrevista para o eixo de Participação, Direitos e Cidadania
Concedida à: Sílvia Sousa
Editada por: Eliane Araújo
Como bem falou Marco Carmona da falta de políticas publicas,cultura, educação, participação social e educação profissional aos jovens do Nordeste, como também não é diferente aos Jovens do Norte, como os da amazonia, dos ribeirinhos e das Ilhas do intorno de Belém/Pa, das Ilhas que compõe o arquipelágo do Morajó, onde uma parcela muito acentuada não dispõe de políticas publicas que atendam suas necessidades. Com isso deixa os jovens deprotegidos para que muitos deles siga o caminho das drogas, prostituição, trabaolho escravo e muitos outros que a vulnerabilidade social causa.