Pelo menos 12 plantas medicinais da Caatinga estão sendo empregadas para a produção de fitocosméticos, como sabonetes, óleos e sais de banho, por mais de 100 jovens recém-formados no ensino médio em municípios pobres no interior do Rio Grande do Norte. Naturais de Tangará, Florânia, Lagoa de Velhos, Jardim de Angicos e Itajá, cinco cidades potiguares com renda per capita inferior a R$ 101 (de acordo com dados do Censo 2000), os jovens estão preparando os cosméticos a partir de ervas nativas como a xanana, o cajueiro-roxo, o angico, a ameixa-vermelha, o melão-de-são-caetano e a aroeira. Os adolescentes tiveram aulas para produção dos cosméticos com a Fitovida, uma organização não-governamental que tem apoio do GEF Caatinga (projeto para a Caatinga do Fundo Global para o Meio Ambiente). A capacitação durou quatro meses e incluiu noções de botânica, ecologia, agronomia e cultivo de plantas medicinais, além de lições sobre como retirar as cascas das árvores sem danificá-las e técnicas de laboratório para aprender a extrair as essências das plantas. Trata-se do primeiro módulo de um curso que deve durar oito meses e ainda está em fase de implantação, segundo a química da Fitovida Silvana Gomes.Os fitocosméticos são vendidos em feiras de produtos naturais e geram em média um salário mínimo para cada jovem. “Fazemos cerca de 300 unidades por mês, para levar às feiras e exposições?, afirma Silvana. Um sabonete de aroeira produzido nos municípios potiguares custa R$ 3, em média. Para Silvana, a alta concentração dos extratos das plantas medicinais nos sabonetes e óleos feitos pelos jovens da região dá aos produtos uma vantagem em relação aos vendidos em grandes redes. ?Enquanto um sabonete de aroeira vendido em uma loja de São Paulo tem 3% do extrato, os nossos têm em média 10%?, compara.A organização não-governamental pretende levar o curso para mais nove municípios do Rio Grande do Norte e ampliar o número de jovens participantes. Outra meta da Fitovida é instalar uma fábrica de fitocosméticos em Tangará, com laboratórios e materiais para a extração das essências das plantas. ?Prevemos que haverá divisão dos lucros da venda dos cosméticos com os jovens com estas novas medidas. Eles chegarão a receber dois salários mínimos com os produtos?, diz Silvana. A fábrica deve ter capacidade para produzir de 3 mil a 5 mil sabonetes e óleos por mês até o fim de 2008, sem desmatar a Caatinga e com o manuseio responsável dos vegetais do Semi-árido. ?As plantas usadas para produzir os cosméticos são muito comuns no Rio Grande do Norte?, afirma a química.A Fitovida está preparando, com o Ministério do Meio Ambiente, um plano de manejo para as espécies que dão origem a produtos fitocosméticos. ?Como outros projetos do GEF Caatinga, este é um trabalho importante que viabiliza alternativas de renda para as populações pobres do Semi-árido brasileiro?, afirma o diretor interino do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente Leonel Pereira. Saiba mais sobre o Manejo Integrado de Ecossistema para o Bioma Caatinga, por meio do qual o PNUD apóia o GEF Caatinga: http://www.pnud.org.br/projetos/meio_ambiente/visualiza.php?id07=108Fonte: Pnud (www.pnud.org.br/ ), com base em matéria de Rafael Sampaio.