Repensar práticas e aprimorar a educação popular na perspectiva freiriana. Com esse objetivo, a equipe de educadores do Instituto Paulo Freire (IPF) se reuniu nos dias 16 e 17 de maio, em São Paulo (SP).
Durante o encontro, uma das maiores preocupações levantadas pelos educadores foi a necessidade de revisão dos objetivos da educação popular. Diante disso, foi debatida a idéia da criação de uma consciência de classe nos grupos atendidos. Segundo os educadores, poucos efetivamente têm atingido a meta traçada.
Para o educador do IPF Daniel Augusto Figueiredo, nem sempre os objetivos dos educadores são totalmente cumpridos, mas o trabalho precisa ser realizado da melhor maneira possível seguindo os princípios que norteiam a ação pedagógica planejada. ?Temos que partir da realidade, partir das circunstâncias da vida de cada um, que é o que Paulo Freire defendia?, complementou.
Devido à necessidade, um grupo de educadores da cidade de São Paulo (SP) resolveu criar o coletivo Educação Popular da zona Sul, com a idéia de debater as perspectivas da Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. O livro, escrito em 1968, mas publicado no Brasil em 1974, já foi traduzido para mais de 40 línguas. A obra é considerada o mais importante trabalho do autor e uma das principais referências para o entendimento e a prática de uma pedagogia libertadora.
?O curso de Formação de Educadores Populares do IPF, do qual participamos em 2008, mexeu muito com as nossas práticas cotidianas de educação. Então, vimos a necessidade de debater as questões levantadas de maneira contínua?, lembra um dos fundadores do grupo, Lucas Fernando.
Neste momento, o Coletivo encontra-se em fase de formação de quadros, para que os temas centrais dos debates possam ser mais bem estabelecidos. ?Com isto haverá uma maior coesão e segurança para criarmos um grupo de base?, explica Lucas.
Para o educador, esta é uma maneira de colocar em xeque as práticas pedagógicas constantemente. ?Com esta consolidação e independência, teremos maior liberdade e afirmação tanto em planejar atividades próprias como em abrir diálogos com movimentos maiores, como o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), muito presente na região. Este é um processo para atingirmos nossos objetivos?, completa Lucas.
Dessa mesma forma, questionando a própria prática, a equipe de educadores do instituto chegou a conclusão de que é preciso, neste momento, passar a atuar estimulando a tomada de consciência de identidade, que se diferencia da consciência de classe no sentido de que a pessoa precisa em um primeiro momento entender a si própria, para, num segundo instante, entender-se no meio em que está inserida.