Mais de 4 milhões de pessoas, em países de baixa e média renda, estavam recebendo tratamento anti-retroviral no final de 2008, representando um aumento de 36% em relação a 2007 e um número dez vezes maior do que em 2003. Os dados estão no relatório recém-divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids).
O relatório Towards Universal Access: Scaling Up Priority HIV/AIDS Interventions in the Health Sector [Rumo ao acesso universal: a intensificação das intervenções prioritárias em relação a HIV/aids no setor da saúde] também destaca outros avanços, incluindo a expansão de aconselhamento e testagem para HIV e a melhoria do acesso aos serviços para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho.
“Este relatório mostra excelentes progressos na resposta global ao HIV/aids”, disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “Mas ainda há trabalho a fazer. Pelo menos 5 milhões de pessoas vivendo com HIV ainda estão sem acesso aos cuidados e tratamento para prolongar a vida. Serviços de prevenção não conseguem chegar a muitos que necessitam. Governos e parceiros internacionais devem acelerar os esforços para alcançar o acesso universal ao tratamento.”
Tratamento e cuidados
O acesso ao tratamento anti-retroviral continua a expandir-se rapidamente. Em 2008, dos estimados 9,5 milhões de pessoas que necessitavam de tratamento nos países de renda baixa e média, 42% tiveram acesso a ele, o que representa um aumento de 33% sobre 2007. O maior avanço ocorreu na África, ao sul do Saara, onde ocorrem dois terços de todas as infecções por HIV.
Os preços dos medicamentos anti-retrovirais mais utilizados têm caído consideravelmente nos últimos anos, o que facilitou o acesso ao tratamento. O preço da maioria dos tratamentos de primeira linha reduziu cerca de 10%-40% entre 2006 e 2008. No entanto, os tratamentos de segunda linha ainda são caros.
Apesar dos progressos recentes, o acesso aos serviços de tratamento está muito aquém das necessidades, e a crise econômica mundial gerou receios quanto à sua sustentabilidade. Muitos pacientes estão sendo diagnosticados em estágios avançados da doença, resultando no atraso do início do tratamento anti-retroviral e em altas taxas de mortalidade durante o primeiro ano de tratamento.
Testagem e aconselhamento
Dados recentes indicam um aumento da disponibilidade de testes anti-HIV e dos serviços de aconselhamento. Em 66 países que forneceram dados, o número de centros de saúde que prestam esses serviços aumentou cerca de 35% entre 2007 e 2008.
Os serviços de aconselhamento e testagem também estão sendo utilizados por um número cada vez maior de pessoas. Em 39 países, o total notificado de testes anti-HIV realizados mais do que duplicou entre 2007 e 2008. Em todas as regiões, 93% dos países que apresentaram dados ofereciam testes anti-HIV gratuitamente por meio dos serviços de saúde no setor público em 2008. No entanto, a maioria das pessoas que vive com HIV permanece sem saber seu status sorológico. A baixa percepção pessoal do risco de se infectar com o HIV e o medo do estigma e da discriminação explicam, em parte, a baixa procura pela testagem.
Mulheres e crianças
Em 2008, melhorou o acesso aos serviços de HIV para mulheres e crianças. Cerca de 45% das mulheres grávidas HIV-positivo receberam anti-retrovirais para prevenir a transmissão do HIV para seus filhos, 35% a mais do que em 2007. Cerca de 21% das mulheres grávidas em países de baixa e média renda fizeram o teste anti-HIV, 15% a mais que em 2007.
Mais crianças estão se beneficiando dos programas de tratamento anti-retroviral pediátrico: o número de crianças menores de 15 anos que receberam a terapia anti-retroviral aumentou de cerca de 198.000, em 2007, para 275.700, em 2008, alcançando 38% dos que necessitavam de tratamento.
Globalmente, a aids continua sendo a principal causa de mortalidade entre mulheres em idade fértil. “Embora haja cada vez mais ênfase sobre as mulheres e crianças na resposta global ao HIV/aids, a doença ainda tem um impacto devastador sobre sua saúde, sua vida e sua sobrevivência”, disse Ann M. Veneman, diretora executiva do Unicef.
Populações de alto risco
Em 2008, foram obtidos mais dados sobre o acesso aos serviços de HIV para as populações com alto risco de infecção, especialmente os profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e usuários de drogas injetáveis.
Enquanto as intervenções de HIV estão em expansão em alguns contextos, os grupos populacionais de alto risco de infecção pelo HIV ainda estão enfrentando barreiras técnicas, legais e socioculturais para ter acesso aos serviços de saúde.
“Todos os indícios sugerem que o número de pessoas que necessitam de tratamento aumentará dramaticamente nos próximos anos”, disse Michel Sidibé, diretor executivo do Unaids. “Garantir a equidade no acesso [ao tratamento] será uma de nossas prioridades, e o Unaids vai continuar a agir como porta-voz dos sem voz, assegurando que grupos marginalizados e populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV tenham acesso a serviços essenciais para seu próprio bem-estar e o bem-estar de suas famílias e comunidades”.
Para ter acesso ao relatório em inglês, acesse http://www.who.int/entity/hiv/pub/tuapr_2009_en.pdf
Com informações da Unicef/Envolverde (envolverde.ig.com.br)