Além de terem mais dificuldades para se lançar no mercado de trabalho, uma vez inseridas, as mulheres têm menor probabilidade do que os homens de encontrar emprego e, quando trabalham, exercem a função em piores condições. As conclusões constam no mais recente relatório global Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Se considerados dados globais, atualmente apenas 49% das mulheres em idade de trabalhar buscam uma vaga ou estão empregadas, enquanto que a participação dos homens sobe para 76%. A OIT prevê que estas taxas permanecerão inalteradas em 2018. Mesmo nos países mais ricos essa diferença não muda muito: a taxa de participação das mulheres é de 51,9%, enquanto a masculina é de 68%. No Brasil, essa diferença é de 22 pontos percentuais, visto que 56% das mulheres em idade ativa frente a 78,2% dos homens estão empregados ou buscando trabalho.
Segundo a organização internacional, a preferência e a decisão da mulher de participar do mercado de trabalho e seu acesso a empregos de qualidade podem ser afetadas pela discriminação, nível de educação e acúmulo de tarefas não remuneradas como cuidar de filhos e idosos da família. A conformidade do papel de gênero também afeta a restrição das oportunidades de trabalho decente para as mulheres.
Nas contas da OIT, se o Brasil reduzir em 25% a desigualdade na taxa de participação no mercado de trabalho até 2025, o PIB nacional poderia crescer em até R$ 382 bilhões (US$ 116,7 bilhões) ou 3,3%. Ou seja, se a participação feminina crescesse 5,5 pontos percentuais, o mercado de trabalho brasileiro ganharia uma mão de obra de 5,1 milhões de mulheres e um aumento considerável no PIB. No relatório, a OIT ressalta que melhorar a participação feminina no mercado de trabalho requer uma abordagem multidimensional, que inclui políticas focadas no equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e na eliminação da discriminação de gênero, além de criação e proteção de empregos de qualidade no setor da saúde.
Fonte: O Globo