Doenças como hipertensão arterial, depressão e estresse, chamadas de DOT (Distúrbios Ósteo-musculares Relacionados ao Trabalho), são a maior causa de afastamento das mulheres do trabalho no Brasil. Para cada dez casos, oito são mulheres. Isso acontece porque há fatores biológicos e sociais que contribuem para uma maior exposição feminina ao problema.Segundo Aizenaque Grimaldi, presidente da Sociedade Paulista de Medicina do Trabalho, geralmente as categorias profissionais que encabeçam as estatísticas dos acometidos pelos Dort?s são ocupadas por pessoas do sexo feminino, como digitadoras, operadoras de telemarketing, secretárias, entre outras. Outro fator importante é a questão hormonal, principalmente as alterações provocadas pelo período menstrual, como a retenção de líquidos. Os líquidos retidos aumentam o risco de surgimento dos sintomas, já que pode haver dificuldade ao se forçar determinados grupamentos musculares e ligamentos. Além disso, as mulheres têm uma maior labilidade emocional, ou seja, assimilam uma maior carga emocional com mais facilidade que os homens.O estresse na vida da mulherDados da pesquisa realizada pela clínica carioca Vita Check-up Center, em 2004, com 1.251 pacientes (990 homens e 261 mulheres), com idade média de 44 anos, revelam que 42,7% das mulheres se encontram em um nível 2 de estresse. A pesquisa também apontou que as mulheres estão fumando mais que os homens ? 13,8% para 9,5%, respectivamente. Para Antônio Carlos Til, diretor da clínica, esse número pode indicar que, enquanto o sexo masculino se afasta do hábito de fumar, o cigarro pode estar ganhando adeptos entre as mulheres, servindo como válvula de escape para o estresse.Quanto à hipertensão arterial, um dos principais fatores de risco considerados em um check-up, as mulheres aparentaram mais controle e cuidado com o problema ? apenas 6% delas estão com a pressão acima da média considerada normal (12 por 8), enquanto 15% dos homens ultrapassaram os índices satisfatórios. Porém, a capacidade aeróbica é melhor entre os homens (43%). As mulheres aparecem com apenas 15% da capacidade considerada satisfatória. Isso pode indicar que os homens encaram os exercícios com mais seriedade.Entre as mulheres, as causas do estresse são as mais variadas, com a jornada dupla – ou tripla, quando a mulher também é mãe -, a intensa competitividade e o sentimento de culpa por ter que trabalhar e deixar os filhos. De acordo com Márcia Merquior, doutora em Saúde Coletiva pelo IMS (Instituto de Medicina Social) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e responsável pelo departamento de Avaliação de Estresse Emocional do Vita Check-up Center, uma boa maneira de minimizar o estresse é por meio de exercícios, descentralizando tarefas e tentando manter uma vida emocional equilibrada.Níveis de estresseHá quatro níveis de estresse: nível 1 – pessoas que estão com a vida calma, realizando suas atividades sem nenhum nível de exigência e ansiedade. As pessoas administram bem o nível de estresse e ansiedade; nível 2 – já é possível detectar uma fase inicial de estresse, onde as pessoas encontram-se submetidas às exigências profissionais ou pessoais. Há sintomas como palpitações, irritabilidade, insônia, dor de cabeça, dor no estômago, entre outros É considerado “sinal de alerta”; nível 3 – aqui, os sintomas começam a ficar crônicos: taquicardias, ou até mesmo o desenvolvimento de hipertensão, gastrite, tendência a explosões, insônias constantes, enxaquecas, sudorese aumentada e outros. Nesse nível encontram-se as pessoas que estão sempre preparadas para a ?guerra?; Nível 4 – há agravamento dos sintomas. O organismo como um todo exauriu suas forças de guerra e sente-se derrotado, apresentando tendências depressivas e autodestrutivas. A tendência é a busca pelo alcoolismo e uso de medicamentos. A pessoa passa a sofrer de inibição afetiva e sexual, insônias graves ou o inverso, só pensa em dormir, desânimo e baixa produtividade em geral.