Depois de nove anos de reavaliação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) finalmente concluiu que o Paraquat deve ser banido, a exemplo do que já ocorre no mundo inteiro. O Paraquate é utilizado na agricultura no Brasil para o combate de ervas daninhas em culturas como a do milho, algodão, soja, feijão e cana-de-açúcar.
Análise de evidências científicas concluiu que o produto está associado ao desenvolvimento da doença de Parkinson — condição neurológica degenerativa que leva ao tremor, rigidez, distúrbios na fala e problemas de equilíbrio.
Segundo relatório do GGTOX, grupo de trabalho de toxicidade da Anvisa, o produto tem qualificação toxicológica I, considerado extremante tóxico. A agência começou a analisar o produto em 2008.
De acordo com a análise das evidências científicas, o grupo considerou haver peso suficiente para comprovar o potencial do herbicida de induzir aberrações cromossômicas em células somáticas in vitro e in vivo, em diferentes espécies, e por diferentes vias de exposição, inclusive dérmica.
Ainda, em análise conjunta com a Fiocruz, que entregou nota técnica à agência em outubro de 2009, a Fiocruz considerou suficientes as evidências da literatura científica relacionadas à intoxicação aguda, mutagenicidade, desregulação endócrina, carcinogênese, toxicidade reprodutiva, teratogênese e doença de Parkinson.
No entanto, as evidências mais consistentes foram relacionadas à doença de Parkinson, o que levou o relatório da Anvisa a concluir que:
“Há um peso de evidência forte em estudos em animais e epidemiológicos indicando que o Paraquate está associado ao desencadeamento da doença de Parkinson em humanos.”
A agência diz, no entanto, que as evidências apontam para o risco do Paraquate em trabalhadores que entram em contato diretamente com o produto. Não há evidências apresentadas que o herbicida deixe resíduo nos alimentos.
Banimento só em 3 anos
No entanto, mesmo concluindo que a substância apresenta riscos graves e irreversíveis para a saúde, a Anvisa decretou um período de 3 anos de phase-out, ou seja: o paraquat faz mal para a saúde, mas só será banido em 3 anos. Até lá, continuamos contando as vítimas.
De acordo com a agência, o período servirá para que a indústria possa apresentar estudos que comprovem que o Paraquat não é tão mau assim.
Com base no Correio do Estado e Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida