Um dos piores índices de exploração e abuso sexual contra crianças e adolescentes no estado do Paraná encontra-se na cidade de Paranaguá, que abriga um dos mais importantes portos do país. A prática desses crimes é tão comum no município que se uma de suas ruas é conhecida como a ?Rua do R$ 1,99?. No local, meninas se prostituem por R$ 2 ou R$ 3. Com o objetivo de combater esse tipo de prática, a Central de Notícias dos Direitos da Infância e da Adolescência (Ciranda) lançou, em 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o projeto Navegando nos Direitos, que tem duração prevista de um ano e foi selecionado pelo programa Petrobras Fome Zero. O nome do projeto é inspirado na própria metodologia utilizada em oficinas e debates com adolescentes nas escolas públicas de Paranaguá. Através do Guia Navegando nos Direitos, os estudantes “navegam” pelas águas que os levam a ilhas como Violência, Violência Sexual, Direitos e Deveres, Cidadania e Paz. A idéia é fazer com que os jovens discutam a realidade local e proponham soluções para os problemas. Cerca de 200 adolescentes já participaram das oficinas na primeira fase do projeto. O objetivo é formar dentro dos colégios jovens multiplicadores que produzirão vídeos e jornais sobre o tema. Para garantir os direitos da infância e adolescência na cidade, o projeto vai tratar de temas como violência e cultura de paz, exploração sexual comercial, drogas, DST/Aids e sexualidade. Mas a ação não é restrita aos adolescentes. Caminhoneiros e professores também serão alvos da campanha de prevenção. A principal meta do Navegando nos Direitos é sensibilizar a sociedade de Paranaguá em relação ao tema e conscientizar cada cidadão e cidadã, do adolescente ao caminhoneiro, sobre seu papel no combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e jovens no dia-a-dia. Para o coordenador do Núcleo de Educação e Mídia do Ciranda, Téo Travagim, a omissão e a tolerância social a esse tipo de prática na nossa sociedade são os principais desafios para lidar com o problema: ?Um dos maiores obstáculos para combater a exploração sexual da criança e do adolescente é a tolerância social que existe em relação ao crime; é o medo, o silêncio. A sociedade deve entender que cabe a cada pessoa enfrentar o problema, denunciar ou criar novas ações, mas nunca permanecer omisso. O objetivo principal do projeto é fazer com que a própria comunidade combata o crime, criando uma rede articulada em que cada setor social cumpra seu papel de acabar com essa prática?.Todos os setores sociais de Paranaguá serão convocados a participar do projeto, inclusive empresários e comerciantes. Além da prevenção, outro eixo da iniciativa é a Articulação Social, uma atuação conjunta com o Ministério Público voltada para a mobilização da sociedade. ?O objetivo é alcançar o compromisso da comunidade no combate ao problema e a articulação com instituições que trabalham as temáticas de direitos da infância e adolescência, exploração e violência sexual, drogas, DST/Aids e sexualidade?, explicou Travagim. Ele ressalta que a meta do projeto é provocar mudanças culturais, rompendo o paradigma da tolerância. Para isso, serão realizados seminários voltados para ONGs, professores, líderes comunitários, setores governamentais, agentes de saúde, jornalistas e setores turístico e de segurança. Além dos seminários, o eixo de Mobilização Social do projeto está produzindo materiais informativos e campanhas de conscientização para TV e rádio.