Com o objetivo de auxiliar pais e responsáveis na educação de crianças e adolescentes, a pediatra do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), conselheira dos direitos infanto-juvenis e coordenadora de campanhas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rachel Niskier, produziu o “Livro das Famílias – Conversando sobre a vida e sobre os filhos”. A publicação foi desenvolvida por um grupo de profissionais do Centro Latino-Americano de Estudos e Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves/ENSP) e viabilizada por meio de um convênio entre o Ministério da Saúde e a SBP.
Para Rachel, o principal objetivo do livro é mostrar que as pessoas se enganam achando que bater em criança é uma forma de educar. Ela foi enfática ao dizer que “ninguém educa agredindo e violentando. Palmada não educa. E, a partir do momento que levantamos essa discussão, estamos colaborando para um caminho diferente, para a diminuição dos casos”. A proposta da publicação é trazer essa questão à tona e possibilitar o debate e a reflexão sobre a violência com os profissionais e as famílias. Para a pediatra, a palmada não educa as crianças. “Este livro foi feito especialmente para as famílias. É dirigido aos pais, às mães e aos responsáveis pelas crianças”, comentou a médica.
O projeto foi desenvolvido com a metodologia de grupo focal – grupo de discussão informal que tem como propósito obter informações de caráter qualitativo. As famílias participantes foram selecionadas pelo Claves. “Eles ouviram as histórias, selecionaram e editaram todo o material. Depois construíram o livro com base nas falas dos próprios entrevistados. Essa metodologia permite uma maior aproximação entre os textos e o seu público alvo. O livro é um espelho da realidade, do cotidiano dessas pessoas que passam por esses problemas dentro de suas casas”, explicou.
O livro aborda temas como: ‘A dificuldade de ser mãe e pai’; ‘Lidando com a violência psicológica’; ‘Superando a violência física’; ‘E se você precisar de ajuda?’; entre outros. De acordo com a médica, os temas são resultado da experiência do trabalho diário realizado com crianças e adolescentes, que é desenvolvido pelos profissionais do IFF e também do Claves/ENSP. “Para nós, esses temas são recorrentes, fazem parte da nossa prática diária. Em nosso dia-a-dia, também aprendemos que os maus-tratos físicos, psicológicos, sexuais e a negligência, infelizmente, estão presentes na vida das famílias brasileiras. Com esta publicação, pretendemos, pelo menos, minimizar essas características”, disse ela.
O Livro das Famílias foi publicado em 2005, com uma tiragem de 87 mil exemplares. Sua distribuição é gratuita, feita por profissionais da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Claves/ENSP de forma pontual, em atendimentos realizados nas instituições.