Como se a falta d’ água não fosse suficiente, ainda há desperdício. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do Ministério das Cidades, 37% da água tratada no Brasil é desperdiçada antes de chegar às torneiras da população. Isso ocorre principalmente devido às falhas nas tubulações, vazamentos e ligações clandestinas. A região Norte lidera, com 45% de perdas. No Sudeste o desperdício chega a 33,4%.
Principalmente em tempos de escassez hídrica, a gestão eficaz de perdas de água é fundamental para, ao menos, minimizar os danos causados ao consumidor, às indústrias e a todos os outros setores que tem a água como elemento principal em seu processo de funcionamento.
Em entrevista especial à Envolverde, o gerente executivo do Instituto de Tecnologia e Inovação, Venturus, Lauzier Araújo, apresentou um sistema integrado com foco em detecção de vazamentos por meio de uma infraestrutura computacional que integra as metodologias de análise hidráulica (pressão e vazão) e análise acústica (ruídos), para identificar, de modo rápido e confiável, o ponto exato de vazamento nas tubulações. “É a informação provendo mais dados, para que a intervenção seja mais efetiva”, resume ele.
O sistema começou a ser desenvolvido há aproximadamente 5 anos. Trata-se de uma solução automatizada e integrada que identifica os locais da rede de abastecimento onde existe desperdício de água sem a necessidade de inúmeras intervenções. O sistema foi desenvolvido especialmente para um de os clientes, da Venturus, que fornece serviços para a Sabesp. Segundo Lauzier Araújo, o projeto – ainda em fase experimental – conta com o aporte financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apresenta um alto nível de inovação.
Ele explica que o sistema é hierárquico: no alto nível há equipamentos que são instalados em macro regiões e monitoram, por exemplo, a medida de pressão da água. A partir daí são feitas uma série de avaliações matemáticas sendo possível definir uma área menor onde existe um provável vazamento. Em seguida, são instalados equipamentos em algumas ruas de um bairro. Nessa fase é feita, por exemplo, uma avaliação do ruído de canos. Novamente são gerados uma série de algoritmos que são comparados com padrões prévios onde é possível detectar, em um nível menor ainda, se existe em determinada rua ou quarteirão uma grande probabilidade de vazamento.
Depois disso se chega a um último nível onde um operador vai a campo com um equipamento, também desenvolvido pela Venturus, e literalmente escuta os ruídos do solo. Com a experiência do operador e com a ajuda de softwares inseridos em smartphones, sua avaliação será mais assertiva. Quando o vazamento é identificado o próprio smartphone gera uma ordem de serviço e abre uma chamada para uma equipe que poderá cavar o local definido.
Com informações: Envolverde