Depois de um mês da operação realizada pela polícia e pela Prefeitura contra o tráfico de drogas no centro de São Paulo, usuários saíram da Praça Princesa Isabel e voltaram para a Alameda Cleveland, onde estava a antiga concentração de dependentes químicos, chamada de cracolândia.
Segundo a Polícia Militar, não foi realizada nenhuma operação da Praça Princesa Isabel, afirmando que a mudança de local do ‘fluxo’ pode ter sido motivado pela instalação de novas luzes na praça, em uma tentativa para revitalizar o local.
A operação realizado no dia 21 de maio, no mesmo final de semana da Virada Cultural, contou com 900 policiais civis e militares. Na ocasião, foram presos 38 traficantes e o prefeito João Dória (PSDB) afirmou que a cracolândia havia acabado.
“A cracolândia aqui acabou, não vai voltar mais. Nem a prefeitura permitirá nem o governo do Estado. Essa área será liberada de qualquer circunstância como essa. A partir de hoje, isso é passado”, afirmou o tucano.
No entanto, os usuários se espalharam por diversos pontos do centro da cidade, entre eles a Praça Princesa Isabel. Depois, uma operação tentou expulsar os dependentes químicos do local e encaminhá-los para tratamento, mas eles voltaram para a praça algumas horas depois.
Proibição de doações
Na semana passada, o coletivo Doe Um Ouvido divulgou vídeos nos quais membros da Guarda Civil Metropolitana (GCM) tentavam impedir doações de cobertores e alimentos na Praça Princesa Isabel.
“Uma primeira abordagem queria apenas impedir que fizéssemos a distribuição, inclusive nos ameaçando de levar para a delegacia prestar esclarecimentos se prosseguíssemos”, conta Juliana Valente, integrante do coletivo.
Para o portal R7, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana disse que não há nenhuma determinação para proibir a entrega de doações na cracolândia. Os guardas diziam que os donativos deveriam passar pela Unidade Emergencial de Acolhida. Entretanto, o coletivo afirma que no local não há orientações sobre triagem de alimentos a serem distribuídos por organizações não governamentais.
Assistente social detida
No dia 21 de junho, assistentes sociais, educadores e ativistas realizaram um protesto contra a prisão de uma assistente social que presta serviços para a Prefeitura. A funcionária foi levada pela Polícia Militar enquanto trabalhava na Praça Princesa Isabel no dia anterior ao protesto.
Os trabalhadores que atuam junto aos usuários tem reclamado da relação hostil da PM e da GCM com estes funcionários.
“Estamos acuados, estamos mais perdidos que o usuário. E a impressão que a Polícia Militar e a GCM [Guarda Civil Metropolitana] passam é a de que estamos atrapalhando o trabalho delas – porque a cracolândia, um mês depois, não acabou. E seria marketing puro dizer que acabou: ela só foi transferida”, disse uma assistente social para o portal UOL.
Fonte: Jornal GGN
Imagem: G1