27/11/2015 I A riqueza mundial cresceu 68% nos últimos 10 anos, mas 95% foram apropriadas por apenas 1% da sociedade. O resto da população ficou mais pobre, com trabalho mais precarizado e desemprego. A afirmação é da pesquisadora Silvia Ribeiro, do Grupo ETC – que trabalha para resolver os problemas socioeconômicos e ecológicos relacionados a novas tecnologias e seu impacto sobre as pessoas mais vulneráveis. Ela destaca ainda que das 100 maiores economias do planeta, 40 são empresas e 60 são países. Ou seja, 40 empresas têm mais dinheiro do que a maioria dos países. Além disso, houve uma grande concentração em vários setores econômicos. Hoje, há 20 empresas que controlam a maior parte do mercado de alimentos, desde a produção de sementes aos supermercados. A Monsanto se apropria de todo o início da cadeia, e o Walmart, no final da cadeia, é tão grande que pode impor condições a todo o resto da cadeia.
A seguir, destacamos os principais pontos de entrevista concedida pela pesquisadora Silvia Ribeiro a Brasil de Fato. Ela explica o que está por trás do fato de que em meio à grave crise econômica pela qual passa todo o mundo, haja alguns setores econômicos que registram recordes de lucratividade.
As 80 pessoas mais ricas do mundo têm mais dinheiro do que 3,5 bilhões de pessoas
Veja os principais pontos da entrevista da pesquisadora Silvia Ribeiro, do Grupo ETC, ao Brasil de Fato:
Crise X lucros recordes
Temos muitas crises. A crise econômica de 2008, a crise ambiental, social e climática. Em relação à crise financeira, alguns grandes grupos econômicos perderam e instituições desapareceram, mas outras se fizeram mais fortes e poderosas comprando estas e outras empresas.
O resgate bancário que se faz com a crise favorece enormemente os bancos muito poderosos, que recebem cifras bilionárias de dinheiro público. Vivemos na maior desigualdade que se conhece na história.
A crise foi manejada pelos Estados para salvar os ricos. Além de dar dinheiro, as empresas têm tudo a seu favor para manipular e captar novas formas de lucro que foram geradas depois da crise.
Riqueza mundial concentrada
Ao contrário do que as pessoas pensam, a riqueza mundial cresceu 68% nos últimos 10 anos, mas 95% da riqueza gerada foram apropriadas por apenas 1% da sociedade. O resto da população ficou mais pobre, com trabalho mais precarizado e desemprego. As “pessoas comuns” vivem a crise, mas, paradoxalmente, a crise foi uma oportunidade para os mais ricos se apropriarem de mais dinheiro e de mais recursos, eliminando concorrências.
As 80 pessoas mais ricas do planeta têm a mesma quantidade de dinheiro que as 3,5 bilhões de pessoas mais pobres, ou seja, a metade do mundo. Oitenta por cento de toda humanidade só detêm 5,5% da riqueza.
Os 1% mais ricos
Dados da Revista Fortune mostram que das 100 maiores economias do planeta, 40 são empresas e 60 são países. Ou seja, 40 empresas têm mais dinheiro do que a maioria dos países.
Quando vemos quais são as maiores empresas do mundo, percebemos que a maioria são empresas de energia, sobretudo as petroleiras, de transporte e algumas exceções, como poucas empresas de tecnologia e alguns bancos.
As 12 principais empresas atuam em áreas que têm provocado o maior desequilíbrio ambiental global, que é a mudança climática. Elas integram um sistema que inclui indústria agroalimentar, geração e extração de energia, e transporte. Esses três setores são os principais causadores da mudança climática.
Porém, das 12 principais empresas, a maior de todas é o supermercado Walmart. Isso nunca havia acontecido. É a primeira vez que o Walmart está em primeiro lugar. É uma empresa de serviços e o maior empregador privado do mundo. E isso tem uma série de significados.
Concentração das empresas agroalimentares
O capitalismo tende a concentrar, e um dos setores que mais tiveram concentração foi o agroalimentar. Desapareceram as empresas de sementes, de processamento, e, hoje em dia, temos 20 empresas que controlam a maior parte do mercado de alimentos, desde a produção de sementes aos supermercados.
Desde 2009, o maior mercado do mundo é o agroalimentar industrial, passando o mercado de energia, que foi o maior durante todo o século 20. Isso tem a ver com a industrialização da comida, o processo agroalimentar e a expulsão das pessoas do campo. Esse tipo de empreendimento só pode se localizar em locais com grandes concentrações urbanas.
“Walmartização” do mercado de trabalho
Além disso, o Walmart significa “Walmartização” do mercado de trabalho. O Walmart proibiu a sindicalização, e as pessoas que trabalham na empresa são sócias, e não empregadas. É uma das empresas que tem maior quantidade de demandas por motivos de discriminação trabalhista, física, sexual, etc. Nos EUA, por exemplo, a empresa conseguiu baixar o salário de seus funcionários em quase 30%.
Porém, o Walmart vende aquilo que é fruto do modelo capitalista de consumo, em que nada é fresco e tudo passa por processamento, embalagem, refrigeração, etc.
É muito significativo que o Walmart seja a primeira empresa do mundo, porque ele trabalha com algo de que não podemos abrir mão: a comida. Não é somente o maior mercado do mundo, mas um mercado que não pode deixar de existir. Ele se apropria de um setor chave da sociedade, e está na ponta da cadeia agroalimentar.
Monsanto e Walmart
Hoje em dia, temos dois grandes paradigmas do modelo. Um é a Monsanto, e do outro lado está o Walmart. A Monsanto se apropria de todo o início da cadeia, como as sementes - e agora está tentando comprar a Syngenta, a maior fabricante de agrotóxicos do mundo, o que daria a ela um controle quase total do início da cadeia -, e do outro está o Walmart, que é tão grande que pode impor condições a todo o resto da cadeia.
Mudança climática
A mudança climática é um dos mais graves problemas ambientais do mundo. No último século, já aumentamos 1°C a temperatura média da terra, e a projeção é que aumente de 4°C a 5°C.
Isso é devastador do ponto de vista ambiental e dos impactos que terão sobre o ecossistema e a forma de subsistência da vida humana. Já há dezenas de milhares de migrantes climáticos no mundo, e a Organização Mundial da Migração já disse que a mudança climática será um dos fatores que fará crescer muito o número de migrantes.
A Terra levou bilhões de anos para equilibrar o clima para que existisse vida. Mas nosso sistema econômico e político desequilibrou o clima em apenas 100 anos, a um ponto difícil de controlar. E isso tem a ver, sobretudo, com a emissão de gases de efeito estufa.
Essas emissões são o ponto número um para entender porque o clima é um paradigma tão importante. O IPCC identifica três grandes setores que são os principais causadores das mudanças climáticas: extração e produção de energia; agricultura industrial e toda a mudança do uso do solo e o desmatamento, e o transporte.
Expansão da fronteira agrícola
O Grupo ETC e a Via Campesina analisamos esses dados de outra maneira. Nos perguntamos: quem usa a energia, quem usa os transportes e porque se produz o desmatamento?
Quase 85% do desmatamento é para expansão da fronteira agrícola. Ou seja, é um problema que está vinculado à expansão da fronteira agrícola.
A maioria da emissão de metano, por exemplo, tem a ver com a comida agroindustrial. Na comida dos mercados locais não há embalagens como nos convencionais, ela não vai parar no lixo, mas dá lugar a um composto, se recicla, etc. Setenta e cinco por cento do corte de árvores no mundo se transformam em embalagens.
Quando começamos a identificar quem usa os transportes, as embalagens, quem provoca a deflorestação, vemos que o que está por trás é o sistema alimentar agroindustrial. Da Monsanto ao Walmart. Este sistema provoca entre 44% a 57% dos gases de efeito estufa.
O sistema alimentar agroindustrial alimenta apenas 30% da população mundial, mas se utiliza de 75% a 80% das terras agrícolas do mundo, de 70 a 80% da água e dos combustíveis de uso agrícola. Além disso, todas as sementes que se utilizam neste sistema são patenteadas e pertencem a uma empresa. Não há nenhum agrotóxico no planeta que não seja de uma empresa transnacional. As dez maiores empresas tem 95% de todo mercado mundial.
Redes de alimentação camponesa
Do outro lado, temos um dos melhores exemplos que são as redes de alimentação camponesa, que incluem pescadores, ribeirinhos, hortas urbanas, etc. Este sistema tem apenas 25% da terra agrícola no mundo e alimenta 70% da população mundial, com apenas 30% dos recursos hídricos e 20% dos combustíveis.
Ele não apenas oferece mais alimento, mas se tivesse mais terra - por isso a reforma agrária segue sendo um problema fundamental -, apoios mínimos, poderia produzir muito mais, já que mesmo com condições tão desfavoráveis, num processo quase de guerra contra os camponeses, produz tanto.
As alternativas
Há dez anos a Via Campesina começou a dizer que os camponeses esfriam o planeta. Um dos maiores fatores de absorção do dióxido de carbono são os solos. Imediatamente, os empresários disseram: “vamos comprar solos para absorver o gás”.
Porém, para o que o solo absorva e retenha o dióxido de carbono é preciso que ele seja manejado, o que demanda gente, e isso só os camponeses podem oferecer. Além do mais, são os camponeses que conhecem, literalmente, milhares de variedades de sementes, espécies de plantas, árvores, etc, que podem dar resposta às mudanças climáticas.
Os movimentos mais vivos da terra são os movimentos que tem a ver com a defesa da cultura, da comunidade, dos territórios e a luta pela terra. Não quero dizer que sozinhos resolveriam tudo, claro que precisamos de uma articulação muito mais ampla.
A Via Campesina é o maior movimento da história do mundo, desde a quantidade de gente a números de países envolvidos, e que, ademais, tem um elemento fundamental: não tem apenas soluções, mas já a executam.
Um dos maiores desafios é derrubar mitos: o mito de que a agricultura industrial é quem nos alimenta, e que sem ela não seria possível alimentar o planeta. Não necessitamos de grandes desenvolvimento industrial e fontes de energia para termos uma boa vida, inclusive a que temos agora, o problema é que não somos nós que estamos usando a maior parte dos recursos, mas sim uma minoria.
Fonte: Luiz Felipe Albuquerque, Brasil de Fato
O desperdício vem crescendo gradativamente onde poderia existir um sistema de reaproveitamento alimentar.
Boa noite,!! Infelizmente as pessoas estão pensando em si mesmas, em como ganhar mais dinheiro e não em como posso ajudar ao próximo. Preferem jogar comida fora ao invés de doar para quem precisa,prefere jogar no lixo. comida é para estar no prato e ser consumida e não sendo desperdiçada e indo para o lixo. Alimentação é direito de todos. Quando o Amor ao próximo e a conscientização das pessoas e autoridades prevalecer, poderemos ter a população em melhores condições.
Pessoal boa tarde, Gente a Erradicação da Miséria nunca vai existir de fato e de direito, isso já ocorre desde no inicio das civilizações, e não há como mudar essa cultura. O próprio ser humano não que que isso aconteça, se o pobre hoje pensa nesta questão, no amanhã se o mesmo for empresario já muda o pensamento, e assim sucessivamente. É verdade que “A riqueza mundial cresceu 68% nos últimos 10 anos, mas 95% foram apropriadas por apenas 1% da sociedade”, como fala a pesquisadora Silvia Ribeiro, do Grupo ETC. Como também não é novidade que “O resto da população ficou mais pobre, com trabalho mais precarizado e o desemprego em alta”, essas questões nunca tiveram fim. Ainda que Ela destaca ainda que das 100 maiores economias do planeta, 40 são empresas e 60 são países. Ou seja, 40 empresas têm mais dinheiro do que a maioria dos países. Isso é fato, mas, ninguém que perder o seu apogeu no mundo globalizado e competitivo, onde quem tem dinheiro tem poder, e isso se reflete no mercado financeiro, se eu tenho um bom capital, logo vou investir na empresa que tenha boa reputação comercial e que capacidade agregar valores a sua marca e sempre continuar crescendo, Ex:Toiota, gigante asiática. Com outras palavras e indo direto ao assunto, as pesquisas mostram o que a séculos vem ocorrendo, mas, nenhuma empresa ou empresário quer sair do salto sem ter vantagens, para ele ou para sua empresa.