Nessa entrevista, Vivian Ragazzi, editora da revista eletrônica da Viração, conta um pouco da história da revista e mostra como um projeto focado em educação e comunicação pode mobilizar jovens de várias partes do Brasil a atuarem de forma mais participativa na sociedade. De acordo com a entrevistada, os jovens tornam-se cidadãos mais comprometidos com transformações, porque conhecem seus problemas e buscam resolvê-los.Mobilizadores COEP – A revista Viração é um projeto pioneiro, que conta com a participação de jovens de vários locais do Brasil, os ?virajovens?. Quando e com que proposta nasceu a revista? Como o projeto foi viabilizado e se mantém? R.: A Viração é um projeto social de educomunicação, sem fins lucrativos, criado em março de 2003 e filiado à Associação de Apoio a Meninos e Meninas da Região da Sé (São Paulo). Recebe apoio institucional da Unesco, Unicef e da Agência de Notícias do Direito da Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens, em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. O projeto se mantém por meio de projetos e venda de assinaturas de revistas. Mobilizadores COEP – Por que o nome Viração? R.: Viração quer dizer ?vento brando e fresco, brisa? e também significa ?se virar? para pessoas em situação de rua. Tem também sonoridade: virar + ação, ou seja, transformar sonhos e projetos em realidade. Mobilizadores COEP – Quais os objetivos da publicação? Quais os principais temas abordados pela revista? R.: Com foco em educação e comunicação, a revista Viração tem o objetivo de unir jovens e adolescentes de todo Brasil em torno de princípios como a defesa dos direitos humanos, a educação para a Paz, a solidariedade entre os povos e a pluralidade étnica e racial.Mobilizadores COEP – Como é a participação dos jovens na elaboração da revista? Como são discutidas e elaboradas as pautas? Há participação de jornalistas no processo de discussão e redação das matérias? R.: Para a produção da revista impressa e eletrônica, contamos com a participação de conselhos editoriais jovens de 17 capitais (São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e Vitória), que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Os conselhos (também chamados de ?Virajovens?, ou Conselhos Editorais Jovens), são ligados a ONGs que trabalham com jovens, que ajudam na mobilização e na realização das reuniões de pauta. Há um cronograma estipulado mensalmente pela redação, e os conselhos ficam responsáveis por uma determinada seção da revista. As pautas são discutidas com a sede do projeto, em São Paulo (SP). A partir daí, estipula-se o tamanho da matéria, como devem ser as fotos, o enfoque, etc, e os virajovens partem para a produção das matérias, com o auxílio dos membros das ONGs. Com a revista pronta, recebem as sugestões de capa por e-mail ou lista de discussão e discutem até chegar a um consenso sobre a capa e as chamadas. O mesmo se dá com a produção da revista eletrônica, que conta com outro cronograma específico. É preciso deixar claro que jovens não-ligados a ONGs também fazem parte do projeto, e ?viravelhos? também. Ou seja: qualquer pessoa pode participar, mesmo que eventualmente, enviando matérias, artigos, desenhos ou fotos. Mobilizadores COEP – O projeto procura envolver as escolas? De que forma? R.: Sim, de duas formas: direta e indiretamente. Diretamente, por meio do Projeto Revista Viração/Jornal Mural nas Escolas. Trata-se de um projeto que conta com oficinas de capacitação semanais para alunos e professoras e professores (dois alunos/as e um/a professor/a) de 100 escolas da rede estadual de ensino de São Paulo até o final de 2007, para que formem um núcleo de Comunicação dentro dos estabelecimentos educacionais responsável por desenvolver um jornal mural, com notícias, desenhos, charges, dos/as alunas/os, professoras/res, funcionárias/os e comunidade. O objetivo é trabalhar a auto-estima e estimular a comunicação, a cidadania, o espírito crítico e o hábito da leitura entre as (os) jovens. Já indiretamente, o projeto envolve as escolas porque nosso material, a revista impressa e eletrônica, trata de assuntos que sempre podem ser abordados como ?ponto de partida? para um debate em sala de aula. Sem contar que a revista não ?envelhece?, por lidar com temas sempre atuais na vida das (dos) jovens. Mobilizadores COEP – Qual a importância da internet para a disseminação da proposta da Viração? Qual a periodicidade da revista? E o site é atualizado com que freqüência?R.: A Internet é nosso veículo de disseminação de produção dos jovens assim como a revista, mas, pelo imediatismo próprio da plataforma, vai bem com notícias ?quentes? (referentes a fatos novos, urgentes e/ou cujo interesse fique restrito a um tempo determinado), ao contrário da revista. Temos um cronograma de participação semelhante ao da revista impressa, com rodízio entre os estados, mas matérias não-previstas também são bem-vindas. Se um conselho quer divulgar determinado evento que acontecerá em seu estado, ou falar sobre um ato público que cobriu, pode mandar à vontade, que publicamos no site. No final de julho, lançamos um portal novo, com mais interatividade e espaço para matérias dos colaboradores, além de outras novidades. O endereço é www.revistaviracao.org.br. Também temos um outro projeto chamado ?Agência Virajovem de Notícias?, que capacita jovens em diferentes eventos para fazer a cobertura jovem. Já tivemos experiências no Fórum Social Mundial, no Saúde e Prevenção nas Escolas, em Brasília, e também no Rio de Janeiro, nos Jogos Pan-Americanos. Mobilizadores COEP – A partir do envolvimento no projeto, os jovens se tornam mais participativos na sociedade? De que forma? R.: Sem dúvida. Os jovens percebem que estão fazendo a diferença, e que têm sua voz ouvida. Não são meros consumidores, como acontece na maioria das publicações; são produtores de conhecimento e cultura. Notamos o entusiasmo delas (deles) facilmente: cobrindo reportagens, entrevistando, e mais do que isso: vendo seu trabalho publicado, podendo levar para a família e as/os amigas/os verem. Elas/eles se enchem de orgulho! Sem contar que o trabalho desenvolvido por eles/elas tem como base o respeito à opinião do próximo, à religião, à raça, à diversidade, à sexualidade, contribuindo para uma visão mais crítica do mundo e da mídia ?grande?. Sem perceber, elas/eles tornam-se cidadãos mais comprometidos com uma transformação na sociedade, porque vêem seus problemas e buscam trazê-los à tona, além de entender melhor a realidade que os cerca, sem disfarces. Mobilizadores COEP – Quais os principais resultados alcançados pelo projeto e quais os principais desafios?
R.: Com cinco anos de estrada, já foram produzidas 35 revistas em esquema independente (sem patrocínio), três especiais (Sexualidade, Racismo, Indígenas), com verba da Unicef, Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Educação e Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Também foi implementado o Projeto Jornal Mural, conquistado por prêmio da Secretaria da Cultura de São Paulo, em 2006, com o objetivo de capacitar 100 escolas até o final de 2007. Além disso, conseguiu-se abertura para falar com os jovens, pelos jovens, e vários prêmios foram ganhos: o diretor do Projeto/Revista Viração Paulo Lima se tornou fellow da Ashoka em 2007; a revista foi vencedora do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais de São Paulo, semi-finalista do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo; ganhou o prêmio Internacional de Jornalismo Don Mario Pasini Comunicatore, foi vencedora do Concurso de Projetos da Agência Internacional pela Paz e primeira no ranking de Mídia Jovem.Os principais desafios são: alcançar a sustentabilidade financeira do projeto, cada conselho editorial jovem ter uma estrutura mínima (3 computadores ligados à internet, 2 máquinas digitais e 2 gravadores); e formar conselhos em mais cidades, principalmente no interior dos estados.Equipe: Paulo Lima, diretor do Projeto/Revista Viração; Vivian Ragazzi, editora da revista eletrônica: www.revistaviracao.org.br; Carol Lemos, coordenadora do Projeto Revista Viração Jornal Mural nas Escolas; Cristina Uchôa, editora da Agência Virajovem de Notícias; Bianca Pyl, mobilizadora de Virajovens; Adriano Sanches, repórter e organizador do Projeto Revista Viração Jornal Mural nas Escolas; Amanda Proetti, repórter; Juliana Mastrullo, repórter; Sálua Oliveira, repórter e organizadora do Projeto Revista Viração Jornal Mural nas Escolas; Suzana Palanti, coordenadora administrativa ; e Midiadores, Colaboradores e Virajovens.
Entrevistaconcedida à: Renata OlivieriEdição: Eliane AraujoEsperamos que tenham gostado da entrevista. Lembramos que o espaço abaixo é destinado a comentários. O entrevistado não se compromete a responder as perguntas aqui postadas.
Olá pessoal! Ficamos muito felizes com o retorno de vocês. Obrigada pelo apoio!
Um grande abraço!
Vivian Ragazzi
“PARABÉNS” pra toda a equipe, e PARABÉNS à todos que possibilitam que essa equipe desenvolva esse grandioso trabalho. As matérias são excelentes e de muita qualidade,
conseguem atingir aos jovens e de certa forma conectar os adultos também. Gostária de pedir para que uma frase estivesse em todas as edições:
“OS JOVENS PRECISAM DE MAIS OPORTUNIDADES!”
E isso ae!!!!!
Parabéns, pelo projeto pois, os jovens precisam dessa iniciativa para se tornarem úteis para a sociedade e mostrar para esses jovens que apesar de vivermos em um mundo onde a corrupção nos ronda a cada dia que passa esses jovens terão a chance de se tonarem bons cidadãos pois eles são o futuro de nosso País.
Boa noite, todas as noites, à todos(as).
Eu vejo que o projeto à cada etapa vem superando não só os obstáculos comuns, mais mostrando que estão descobridos novos e podendo mostrar para outras realidades que o caminho certo se faz com uma boa idéia e união.
Boa sorte e parabéns, seria muito bom semear um nucleo da VIRAÇÃO em São Gonçalo fica minha sugestão.
Excelente este Projeto. É o que os jovens precisam: participar, refeltir sobre as questões que o atingem direto ou indiretamente. O jovem precisa se sentir capaz de produzir, ser agente transformador de uma sociedade que está oferecendo muito pouco para esta geração. Estudar, trabalhar, cooperar, desenvolver talentos ocultos, enfim…ser um jovem cidadão mais preparado para o mundo.
Viração acontece e faz a diferença!!!
Parabéns à equipe, midiadores, colaboradores e virajovens!!! E muito sucesso prá tudo o que vem por aí!!!
Espero podermos exercitar essa experiência nas ações de educação socioambiental que desenvolvemos na região de influência do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu e nos municípios envolvidos no Programa de Formação de Educadores/as Ambientais – FEA (33 municípios no Estado do Paraná e 01 no Mato Grosso do Sul)!!!
Parabéns!!!
Com Certeza a dimensão desse projeto é de grande importância para os jovens desenvolverem a auto estima ,é assim que se educa para a cidadania dando oportunidades que possam garantir para esses jovens um futuro melhor em todos os aspectos.
Exelente iniciativa essa de voces a de envolver os jovens que com certeza tem muitas coisas a contribuir desde que seja dado atribuições aos jovens deste que eles correspondem a altura.
Parabens
Toda a entrevista é um aprendizado sobre “educar para a cidadania”, mas essa parte: “…Sem contar que o trabalho desenvolvido por elas/eles tem como base o respeito a opinião do próximo, à religião, à raça, à diversidade, à sexualidade… Sem perceber elas/eles tornam-se cidadãos mais comprometidos com uma transformação na sociedade…”, é o alicerce para uma sociedade construída pelo/para o homem/mulher; uma sociedade baseada na educação familiar individualizada, com vista a formação de um ser humano saudável em todos os seus aspectos: físico, emocional, espiritual e social.
É “tudo de bom” essa abordagem. Devemos, com urgência, replicá-la em outras iniciativas sociais.